Uma dúvida muito frequente até mesmo para alguns profissionais da saúde é: É baby-blues ou depressão pós-parto?
Começo aqui dizendo nesse artigo que atualmente o que chamamos de depressão pós-parto tem sido chamado de depressão periparto, pois 50% dos casos começam ainda na gestação.
O baby-blues é um fenômeno que acontece entre o 4° e o 15 dia de puerpério, que tem como características principais a oscilação de humor, choro fácil, sentimento de tristeza, e medos que envolvem a maternagem, e acomete cerca de 80% das mulheres nesse período.
Esse fenômeno, apesar de intenso e até mesmo difícil, não nos traz muitas preocupações com a saúde mental, pois ele é benigno e encerra com o tempo (levamos em consideração o 15° dia do puerpério tecnicamente, porém, espera-se que nesse período tenha uma redução dos sintomas significativa).
Já a depressão periparto (pós-parto) é um transtorno do humor que precisa de mais atenção e que atinge 25% das mulheres no ciclo gravídico-puerperal no Brasil (FIOCRUZ), e deve ser cuidada por profissionais da saúde mental (psicólogo e psiquiatra), de preferência que atuem na perinatalidade.
A depressão tem sintomas mais intensos que o baby-blues, maior duração (mínimo 2 semanas). traz prejuízo significativo para a vida da pessoa (profissional, pessoal, familiar...), pode ser leve, moderada ou grave, e pede um cuidado integral com a saúde da mulher.
A depressão grave é uma das principais causas de suicídio, e devemos lembrar que essa é a primeira causa de morte materna no Reino Unido, segundo pesquisas recentes da FIOCRUZ, por isso, aos primeiros sinais da depressão devemos iniciar o tratamento da forma adequada.
Sobre o diagnóstico de depressão pós-parto (periparto):
Deve ser feito por um profissional da saúde mental.
Inclui 5 ou mais sintomas dos seguintes: Humor deprimido, diminuição do prazer ou interesse, mudança no padrão do sono, mudança no apetite e/ou peso, agitação ou retardo psicomotor, fadiga ou perda de energia, sentimento de culpa e inutilidade, redução da concentração e raciocínio (e indecisão), pensamentos de morte. Sendo obrigatório um dos sintomas ser humor deprimido ou diminuição do prazer.
O tratamento padrão ouro é acompanhamento psicológico e psiquiátrico.
É possível haver remissão dos sintomas.
Para a população em geral: Em casos de suspeita de um transtorno mental, busque ajuda profissional para uma avaliação adequada, e não faça uso de medicações por conta própria, ainda mais no período perinatal.
Para psicólogas: Em casos de suspeita de depressão perinatal em uma paciente, faça uma avaliação adequada e completa, e os encaminhamentos necessários, além de uma boa conceituação do caso e tratamento adequado.
Precisamos falar da depressão perinatal, diagnóstico e tratamento para desmistificar essa temática.
Autora:
Luzia Maia
Psicóloga na prática obstétrica
CRP 02/20578
@cuidandodemamaes
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